
Biografia do Maestro Paschoal Garcia
Paschoal Garcia nasceu em 15 de fevereiro de 1916 em Laranjal, Minas Gerais, no Sítio São João de propriedade de sua família. Filho de Gil José Garcia e Maria Amália Alexandre Garcia de um total de dez irmãos: Antonio, José, Gil, Manoel, Paschoal e
as irmãs Maria, Conceição, Luiza, Francisca e Irene.
Estudou no grupo escolar existente em Laranjal, que era na época, um arraial de Cataguases ainda sem luz elétrica. Trabalhou na zona rural até os 20 anos de idade.
Em 1.936 foi para Cataguases trabalhar na leiteria do Sigismundo onde, mais tarde, funcionou por muitos anos a Loja Nacional. Tempos depois voltou a morar em Laranjal e no carnaval recebeu um convite para vir tocar em Miraí.
Nessa época, o padre de Miraí era o Monsenhor Ernesto Tancredo que havia chegado em 1.933. Quando em Laranjal, o Padre Ernesto mantinha uma banda onde Paschoal Garcia já tocava. Ao ver Paschoal o Padre insistiu para que aqui ficasse. Para
isso lhe ajudou a se empregar na Casa Alves Pereira, um armazém da cidade. Ficou encarregado de cuidar do “conjunto” musical que existia na cidade do qual buscamos na memória alguns de seus componentes: Francisco Rossi Bilheiro (bateria), Lalá Bahia
(pandeiro), Sebastião Receputi (banjo), Pedrinho Bilheiro (clarinete), Amador Alvarez (flauta), Vitório Baldine (trombone), Gil Garcia (trombone) e Paschoal Garcia (piston).
Desde então a banda de Miraí passou a fazer parte também de sua vida. Com o falecimento do então maestro Hermógenes Francisco de Paula, pai de Joel Francisco de Paula, assumiu também esse posto.
Em maio de 1.936 conheceu aquela que acabou sendo sua companheira para toda a vida e para quem fez a música “Esposa Querida”: Maria Zorzi Garcia. Maria nasceu em 30 de dezembro de 1919 em Miraí, fazenda Itaguassú. Seus pais, Aurélio Zorzi e Dozolina Possani, tiveram os filhos Antonieta, Matilde, Tercílio, Lídia, Maria, José,
Júlia e Inês. Paschoal e Maria casaram-se em 18 de dezembro de 1939
em Cataguases. Tiveram os filhos: Cecília, Maria de Lourdes, Carlos, Ernesto Luiz, Gil Aurélio, Luiz Cesar, Terezinha Lira, Paschoal e Valério. Um dos filhos, Ernesto, faleceu ainda bebê. Para a família, o Maestro compôs “Meu Jardim”.
Em Miraí Paschoal trabalhou na Casa Alves Pereira até 1938 de onde foi para Miracema e viveu até 1944 ganhando a vida como vendedor na Casa de Calçados de seu irmão, Antônio. Em 1945 voltou para Miraí e trabalhou na carpintaria do Senhor Alberto Guedes, da qual saiu em 1950, para montar sua sapataria, profissão que exerceu por quase quinze anos. Em 1950, junto com o sargento Sinval Santiago e a pedido do Prefeito Luiz Alves Pereira, pai do Professor Luizito, o maestro e o sargento escreveram o hino “Ginásio Santo Antônio”, por ocasião da fundação daquela instituição de ensino.
Em 1960 inaugurou sua loja, que recebeu o nome de Loja Santa Cecília, a santa protetora dos músicos. Nos anos 60 e 70 seu conjunto musical teve diversos componentes, que foram por vários motivos deixando o grupo, como os filhos Gil e Maria de Lourdes que foram trabalhar no Rio de Janeiro, o irmão Gil que foi para Miracema, dentre outros. Mais uma vez o maestro se inspirou e criou a música “Nuvem
Passageira”. A vida do maestro sempre esteve ligada à música. De sua autoria nasceram várias músicas e nos mais variados estilos: marchinhas de carnaval, sambas, valsas, dobrados etc. Podemos citar A Primogênita, Minhoca Puladeira, Canção
para Lulude, Juninho, Fios de Prata, Monsenhor Ernesto Tancredo, Hino do Grupo Escolar Joaquim Nabuco, Hino do Esporte Clube Miraí, Música em homenagem aos 50 anos da Escola Estadual Dr. Justino Pereira, hoje Escola Municipal, Homenagem a Ataulfo e diversas outras destinadas à família.
Além da música o maestro e sua esposa sempre participaram ativamente da vida da Igreja de Miraí. Foi coordenador de cursilho, cursos de noivos e de batismo, Presidente do Grupo de Jovens, além de Ministro da Eucaristia por vinte anos. Participou durante muito tempo da diretoria da Sociedade São Vicente de Paulo, como secretário.
Foi o fundador, presidente e maestro da Banda Santa Cecília, que ainda hoje atua em nossa cidade. Por volta dos anos 90, participou da diretoria da Casa das
Crianças. Recebeu diversos títulos, dentre eles: Cidadão Honorário e
Comendador.
Pai de 8 filhos, 20 netos, 8 bisnetos, foi agraciado, em 2005, com o trineto Lucas, filho de sua bisneta Katyana e Oswaldo. Adora uma pescaria, motivo esse de suas viagens pelo Brasil, tendo já pescado no Araguaia e no Pantanal Matogrossense.
Amigo de todos, sempre teve como meta ajudar ao próximo. Faleceu no dia 18 de junho de 2013, em sua casa, cercado por sua família.
Fonte: Lulude Garcia

Histórico da Sociedade Musical Santa Cecília de Mirai
1913 – A Banda de Música Santa Cecília foi fundada em Laranjal (MG), pelo Monsenhor Ernesto Tancredo, com o objetivo de servir à Igreja nos festejos religiosos.
1933 – Transferindo-se para a Paróquia de Mirai (MG), o Monsenhor Ernesto trouxe músicos de sua corporação musical, dentre eles o maestro Paschoal Garcia.
1972 – Com a morte do Monsenhor Ernesto, assumiu a direção da Banda o maestro Paschoal Garcia que deu continuidade ao movimento musical, participando de festas cívicas e religiosas da comunidade, sempre sem qualquer reumuneração.
1983 – A Banda não recebia qualquer tipo de subvenção ou doação; vivia, como ainda vive, do despreendimento e da luta de seus músicos amadores. No entanto, o estado dos instrumentos musicais era precário, necessitando de uma reforma geral. Mas faltavam recursos. Desta necessidade surgiu um movimento no seio da comunidade miraiense para a organização de uma Sociedade Musical.
1985 – Embora fundada, em Assembléia Geral, no dia 07/11/1983, a Sociedade Musical Santa Cecília foi oficialmente retistrada no Registro de Pessoas Jurídicas da Comarca de Mirai em 26/06/1985, sob o
número 156, fls. 95. Junto ao Ministério da Fazenda sob o número 20.349.689/0001-40. Também está cadastrada na Secretaria de Cultura de Minas Gerais.
1986 – Foi reconhecida como de Utilidade Pública pela Lei número 606, de 19/12/1986, aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores de Mirai.
1988 – Em outubro de 1988, a Sociedade Musical Santa Cecília recebeu verba para construção da sede própria em terreno que havia recebido pela Prefeitura Municipal, em doação.
2009 - A Sociedade Musical Santa Cecília mantém sua tradicional Banda de Música, composta por músicos amadores da cidade. Mantém uma escola de música, participa de eventos cívicos e religiosos, de e encontros de Bandas de Músicas promovidos por diversas entidades, inclusive pela
Secretaria de Estado da Cultura. Adquiriu alguns instrumentos e reformou outros que possuía. Recebe,
atualmente, 1 salário mínimo regional da Prefeitura de Mirai, para manutenção da Escola de Música, escola esta que já ensinou, gratuitamente, diversos jovens a executar instrumentos, renovando o próprio quadro de músicos. Promoveu, em Mirai, 3 Encontros de Bandas. Além disso, participou da
inauguração do Estádio Coberto da AABB-Brasília, Clínica Cordovil no Rio de Janeiro e muitos outros eventos em diversas localidades. Apresenta-se, frequentemente, no coreto que construído na praça central de Mirai, especialmente para esta finalidade. Finalmente, tendo em vista o aspecto amadorístico da Sociedade, é compreensível que só através de doações, principalmente de programas
culturais da área pública, poderemos manter uma Banda onde os custos envolvidos são altos (preço de instrumentos, de consertos e de suprimentos em geral).
Fonte: Lulude Garcia
Sobre Paschoal Garcia, texto no link
Dobrado do Padre Ernesto, vídeo no link

Jornal Leopoldinense sobre Paschoal Garcia, texto no link
LUTO, site Esporte Clube Mirai

